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A chef brasileira Alessandra Montagne, nascida no Vidigal, no Rio de Janeiro, foi escolhida para comandar a cozinha de um restaurante no prestigiado Museu do Louvre, em Paris. Em suas redes sociais, Alessandra agradeceu Alain Ducasse, encarregado das operações gastronômicas do museu.
Data de postsagem: 23/02/2024 - 18:30
Postado por João Pedro
“Que honra ter sido selecionada para criar a nova experiência culinária do Museu do Louvre! Agradeço calorosamente ao chef e mentor Alain Ducasse por esta maravilhosa oportunidade”, escreveu a brasileira.
À frente de importantes casas na capital francesa, Alessandra Montagne nasceu no Vidigal, cresceu na roça em Minas Gerais e agora se prepara para assumir restaurante no museu mais visitado do mundoAos 16 anos Alessandra engravidou do seu primeiro filho, André, e se casou. Foi um relacionamento conturbado, marcado por violência e no qual sua mãe a ajudou – literalmente – a fugir do abusador e a levou para a casa de uma tia em Itaquera, em São Paulo.
No meio do caos que estava sua vida, em 1999, resolveu passar alguns poucos meses com a mãe em Paris. Mal sabia a chef que os poucos meses para aprender francês e mudar de ares se transformariam em uma vida completamente nova, cheias de desafios, claro, mas de muito sucesso.
Enquanto Alessandra fazia amigos na cidade, aconteciam encontros com a nova turma e ela era sempre a responsável pelas comidinhas. “A única coisa que a gente leva quando muda de país é o coração, é a lembrança. E é na cozinha que eu materializava isso”, ela explica, dizendo que ia a mercados “no fim do mundo” para encontrar ingredientes como canjiquinha e quiabo.
Foi com o incentivo dos próprios amigos que ela acabou se matriculando na Médéric, escola de cozinha e hotelaria da capital francesa. Melhor aluna da sala, ela ganhou de presente um curso de confeitaria de um ano. Depois, formada, foi bater na porta de Adeline Grattard, chef francesa que acabava de receber sua primeira estrela Michelin com o restaurante franco-chinês Yam’Tcha.
Criada pelos avós Maria e Sebastião na roça, em Poté, cidade no interior de Minas, foi lá que aprendeu a cozinhar, desossar o porco, preparar o doce do zero e a, literalmente, colocar a mão na massa desde muito jovem. Quando estava com 11 anos, a mãe reapareceu em sua vida. Casada com um suíço, estava morando fora, mas procurou a filha para reatar laços.
O seu público é misturado, tem estrangeiros, mas a maioria é francesa. Foi no primeiro Tempero que ela teve a sorte de receber Ducasse como comensal. No final, ele disse que tinha gostado muito de sua personalidade culinária e passou a convidá-la para cozinhar em eventos. Recentemente, ele foi ao Nosso sozinho e pediu que ela viesse jantar com ele.
E o Brasil? “Ah, eu adoro o meu país, mas não tenho a menor intenção de voltar. Tenho um reconhecimento muito grande pela França, por este país que me abriu todas as portas. Sei que não teria conseguido nada disso no Brasil, que é muito fechado, muito segmentado”, diz.
“Quando vou ao Brasil me corta o coração ver aquele povo maravilhoso, com aquela alegria, que não tem oportunidade na vida. É terrível aquela violência que te impede de andar na rua com o celular na mão… Aqui, se quiser, vou a pé do restaurante para casa de madrugada. Também não gosto dos lugares que há no Brasil onde só podem ir pessoas ricas e que excluem quem não é…”
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